Terra Suspensa

De onde ela surgiu?

Curiosamente, se eu fosse listar cada uma das perguntas que me são feitas diariamente, este ainda assim seria um dos tópicos menos requisitados pelos visitantes nos Pod N.O.A.H.s do império, pelo simples fato de que toda e qualquer pessoa nasce praticamente instruída e imersa em um mundo onde a existência do planeta faz parte do cotidiano, algo corriqueiro, uma vez que T. S. é considerado por muitos como sendo o bem mais precioso entre os Pilares.

Sim, Terra Suspensa é um artefato, senhoras e senhores.
Surpresos? E se eu disser que o término de sua construção não chega a datar além dos dois mil anos de existência? Diferente de um planeta comum, cuja presença no cosmos é aleatória, a nossa Terra foi inicialmente idealizada pela raça natinusiana, os fiéis seguidores da Ordem de Kurbathian, e realizada com base nos fundos tirados dos vastos cofres dos monastérios em Aletah’e, além das tantas doações advindas de Pilares simpatizantes; mesmo que alguns ainda não apoiassem o gasto destes valores, hm, astronômicos. Me perdoe o trocadilho, hoh hoh.

A construção ficou -e ainda está- a cargo dos Bibliotecários, uma poderosa e antiga raça de alienígenas interdimensionais cuja presença física sempre fora uma incógnita. Todavia, sua marca deixada neste plano da realidade pode claramente ser notada perante aqueles prontos a desembolsarem o preço certo.

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Porque sua existência é importante para os Nove Pilares?

Certo, para começar, vamos deixar bem claro que sua existência pode até ser importante para alguns Pilares, mas, nem todos.

As escrituras antigas estão aí para provar que os natinusianos foram os únicos aliens de que se tem notícia a acharem um meio de deixar Ildathah pela porta da frente. Não há registros oficiais em meu banco de informação sobre quaisquer outros povos ou indivíduos que tenham realizado tal proeza; ou, pelo menos, não na literatura convencional, porque, se você pender para o lado místico da coisa, existem alguns aí fora que juram de pés juntos que já houve sim uma espécie de criaturas excêntricas, tão inventivas que teriam supostamente abandonado aquela dimensão por livre e espontânea vontade, antes mesmo do advento “Anexação”.

Todavia, estou fugindo do cerne da questão. Natinusianos deixaram Ildathah pela porta da frente simplesmente porque deram sorte de vir atrás de uma grande chave dourada que não podia ser detida por barreiras dimensionais, uma entidade energética que decidiu dar uma volta pelo espaço em busca de alguma coisa aparentemente muito importante.

E, a julgar pelo passo das coisas lá fora, essa tal de Onyan’a não só alcançou seu objetivo, mas têm permanecido imóvel há quase dois milênios. Será que ela finalizou sua lendária “Grande Peregrinação”? Enquanto que milhares já tenham me procurado oferecendo uma infinidade de teorias “definitivas” para lidar com uma resposta, todos concordam sobre a presença de pelo menos uma pista: a Terra Verde, único planeta deste sistema solar capaz de suportar vida. Como os natinusianos estiveram ao lado de Onyan’a desde o início, eles acreditam piamente que tenha sido seu deus Kurbathian que apontara pessoalmente a direção certa a fim de que a Entidade chegasse até aqui.

E como a religião dos septápodes sempre fora centrada neste deus de aspecto humanizado, é apenas lógico que as pequenas lulas viajantes tivessem declarado a recém descoberta Terra Verde como o berço recém-descoberto dos seus venerados Homo Volantis, uma vez que a própria Guia das Estrelas tenha facilitado as coisas e decidido estacionar nos arredores do planeta.

E isso finalmente nos trás ao motivo da construção desta Terra Suspensa, que, por sua vez, acaba servindo como uma espécie de oferecimento à memória dos antigos humanos que aparentemente reinaram sobre Terra Verde, em um passado distante. Uma homenagem, digamos assim. Do ponto de vista estratégico, esta joia artificial não é apenas um centro comercial para todos os habitantes do império, mas, principalmente, serve como um símbolo de status religioso que fornece poder e confere ao Alto Conselho o título de líderes soberanos sobre todos os planetas e habitats colonizados ao longo da “Grande Peregrinação”.

Terra Verde?

Precisamente. Se existe um único local intocado dentre as centenas de planetas já colonizados pelos Nove Pilares, eis que Terra Verde seria ele.

Um mundo verdejante ocupados por densas florestas de norte a sul. Mas, nem tudo são flores: T. V. é tão bela e mortal quanto uma planta carnívora. O excesso de toxinas produzidas nas profundezas escuras abaixo das copas sobrepostas seria capaz de derrubar um exército de aliens hroanos em questão de poucos minutos.

Sinto você me olhando com uma expressão de “Oras, mas basta usar algum tipo de máscara de gás, correto?”

Enquanto que aqui no futuro não existam mais aparatos arcaicos do Velho Mundo como máscaras de gás, mas nano-escudos protetivos movidos à base de energia, a verdade é que o planeta estivera em quarentena desde que sua existência fora descoberta, muito antes da chegada da própria Guia das Estrelas à este canto aleatório da galáxia, quando o império havia há muito extrapolado sua posição diante das possíveis rotas de passagem da esfera de luz. E a cortina de quarentena foi implementada por ninguém mais, ninguém menos, do que os próprios natinusianos. Ora, estamos falando do planeta natal dos mesmos humanos que influenciaram sua raça a evoluir do jeito que estão hoje, não é verdade? Nada mais justo que fizessem de tudo para preservar a integridade deste santuário e mantê-lo longe de investidores gananciosos e indústrias poluentes.

E quando a cortina de quarentena será levantada? Isso, meu caro visitante, só o tempo dirá…

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