Yesods

Longevidade e resistência: uma sequência de cartas perfeitas, não estivessem elas na mão de um prisioneiro azarado

O primeiro capítulo na história da raça humana tem início com o Cubo Divino partindo-se em quatro fragmentos poderosos, sendo que cada um emitiu energia o suficiente para suportar uma galáxia inteira e toda vida contida nela. E, caso este Cubo tivesse permanecido intacto, então a raça humana teria realmente se tornado uma entidade perfeita com potencial de elevação suficiente para serem considerados semi-deuses.

Todavia, a mão que escreve o livro do destino não quis que as coisas fossem assim tão fáceis. Uma raça forte agora se encontrava fracionada em quatro vertentes enfraquecidas, imperfeitas, mortais, que precisariam dar duro para crescer e se firmarem como humanos, não importando as condições que seus respectivos planetas oferecessem, fossem elas brandas ou amenas.

A primeira vertente humana: os yesodianos

Tal como seus conterrâneos de “berço dimensional”, os iuveni, humanos e conditores, infelizmente não trago muita bagagem para detalhar as origens deste povo sofrido. Sim, eles tiveram um início de carreira com um “patrão” fora de série, ou melhor, fora “deste mundo”. Tão logo quanto as quatro dimensões desenvolveram-se o suficiente para oferecer uma base sólida de sistemas solares contendo planetas e estrelas, foi ali que o Vulto Negro (leia sobre ele aqui) deu as caras, farejando a energia dos fragmentos do Cubo Divino. Talvez por ele não ser tão poderoso a ponto de viajar facilmente entre as realidades, o Vulto se instalou ao acaso em uma das quatro dimensões e foi imediatamente atrás daquele um ponto em toda a vastidão do cosmos onde a força da aura emanada pela pedra era mais forte: Nyumba, o planeta natal do povo yesodiano.

Segundo os registros oratórios de Quahnna, ela entende que a missão principal do Vulto sempre fora a de coletar os quatro fragmentos do Cubo Divino e partir deste mundo levando o máximo de pessoas possíveis, dentro de uma espécie de prisão que ela mesma batizou de “O Coração das Trevas”. Todavia, a fim de construir uma arcologia para comportar tanta gente, era necessário mão de obra. E mão de obra ele encontrou em Nyumba. Milhares de humanos yesods dotados de uma saúde de ferro e longevidade que os levava além dos duzentos, trezentos anos de vida, cada. Diante de uma criatura vinda das estrelas, dotada de um nível de inteligência além de sua limitada compreensão, as incontáveis tribos yesodianas em Nyumba nunca tiveram meios de se defender, no estagio medieval em que se encontravam na época.

Escravos.

Para sempre.

As vastas planícies de terra negra agora desapareciam abaixo de um cobertor de pontos arroxeados, indicando a presença de centenas de milhares de yesodianos agrupados e seguindo suas rotinas de trabalho, gerenciados por um exército de automatas frios e calculistas, produzidos na longínqua citadela industrial onde o Vulto tocava seus experimentos.

Toda a dor e sofrimento desta raça ainda se arrastariam por longos e tenebrosos MILÊNIOS até que o Vulto Negro eventualmente captasse a presença de uma nova pedra cristalina em outra dimensão: eis que a conditora Quahnna teria acabado de retornar ao mundo dos homens, e a nova caçada de gato e rato entre estes dois poderosos usuários do fragmento traria repercussões definitivas para o futuro da raça yesodiana.